quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Repertórios dos artistas

Nunca vi escrita a observação que vou fazer de seguida.

Os músicos de géneros mais pesados têm uma amplitude de repertório muito maior do que os restantes músicos, principalmente os músicos de canções românticas, baladas e outras canções ditas leves.

Por exemplo, qualquer banda de heavy metal pode tocar uma balada, enquanto que um cantor romântico apenas pode tocar num registo próximo do seu género. A tal banda de heavy metal pode, no entanto, tocar canções pesadas, fazer fusão de géneros, canções de "peso" médio e as baladas mais melosas que já se ouviu. Às vezes de melhor qualidade do que os profissionais do romance...

Aquele artista já não é o que era

Após alguns anos de sucesso muitos artistas são acusados pelos "fãs" de terem perdido qualidades. Por exemplo, que os primeiros álbuns da banda X é que eram bons e que os mais recentes já não têm a mesma mística. Ou que determinado humorísta já não tem a graça de antigamente.

A verdade é que os artistas têm as melhores ideias no princípio das suas carreiras. E aí surge o sucesso. A partir daí os artistas, muitas vezes surpreendidos pela recepção positiva do público, começam a sentir a pressão para recriar algo do mesmo nível. Alguns conseguem e duram décadas, outros desaparecem ou apenas aparecem para cantar aquele hit.
Mesmo os artistas mais duradouros estão sujeitos ao efeito da diminuição da inspiração, que começa a esbater-se dependendo do grau de criatividade do artista 1) até estabilizar como uma estrela anã arde a baixas temperaturas ou 2) o artista fica a viver na sombra dos seus sucessos ou 3) o artista continua a produzir material próximo do original mas sem o fulgor de antes (como alguns apontam).

É engraçado reparar que muitos artistas se mantêm apoiados pelos fãs após trabalhos menos conseguidos porque os fãs ainda vivem na esperança/expectativa de que os seus artistas preferidos voltem a dar-lhes material de primeira qualidade um dia... É mais ou menos a mesma ideia de um marido viver com a sua mulher mais velha e menos cuidada porque ainda vive na ilusão daquilo que ela era quando estava jovem e sexy.

Para o ponto 3), a explicação para o material mudar sejam canções, piadas, livros é bastante simples. Os músicos, humoristas, escritores, etc, sendo seres humanos a expressar-se criativamente, libertam-se através da sua mensagem (música, piadas, escrita) como se de uma terapia se tratasse e, uma vez a mensagem comunicada, mudam internamente como pessoas e começam a desejar expressar-se de forma diferente. 
Por exemplo, uma banda que atinge o sucesso quando os seus elementos estão na casa dos 20 anos verá a sua sonoridade a mudar à medida que os seus elementos/autores das canções percorrerem as transformações pessoais próprias da idade aos 30, 40, 50, etc.

Da mesma forma, uma pessoa que nunca saiu à noite na sua juventude ou não passou por determinada experiência nos seus primeiros anos de vida manterá esse desejo na sua mente, nunca o libertando enquanto não o viver. Assim, podemos observar pessoas de 20, 30, 40, 50 anos a revelarem comportamentos ou desejos aparentemente estranhos à idade. Porquê? Porque ficaram retidos na sua lista de vontades e tinham de ser expressados. Tal como o vapor de água tem de sair da panela de pressão...

Resumo: 
1. a inspiração dos artistas diminui ao longo do tempo e a qualidade do seu trabalho também. 
2. Há artistas que não são bem artistas; são aqueles que conseguiram ter os seus 15 minutos de fama e que não tiveram capacidade para criar material para dar continuidade ao seu hit; é por isso que existem tantos artistas conhecidos por apenas uma canção.
3. Os artistas que estão no activo por décadas revelam uma variação no aspecto dos seus trabalhos (música, livros, etc) porque eles próprios mudam e têm necessidade de se expressar de novas formas.

Sotaques Portugueses (com vídeo)

O vídeo que coloquei abaixo fez-me pensar no futuro dos sotaques em Portugal. Depois de no Prós e Contras ter havido o debate "Deus ainda tem Futuro?", faço agora uma pequena reflexão sobre "Os Sotaques ainda têm futuro?".

Este vídeo, de forma humorística, critica o facto de os professores mandarem vir com os alunos algarvios por falarem com sotaque algarvio. E que tal coisa nunca aconteceria com alunos dos Açores, Trás-os-Montes ou do Porto. Vejam o vídeo que vão aprender umas coisas sobre as expressões e o falar do Algarve. Podem ouvi-lo enquanto lêem este post.

Mas o que queria realmente dizer neste post é o seguinte: os sotaques Portugueses podem estar em vias de extinção! (1)
Hoje em dia, o palco dos sotaques são as próprias regiões de onde eles têm origem. E com a migração dos jovens dessas regiões para as grandes cidades (principalmente Lisboa) e com os pais e avós a morrer mais cedo ou mais tarde, vão deixar de existir pessoas com sotaque. Os próprios jovens conseguem perder o seu sotaque natural em 5, 10, 15 anos de convívio com pessoas sem sotaque (2). E quando estes jovens perderem os seus pais, avós e outros falantes do seu sotaque, perderão as pessoas com quem o podem praticar (3). 

Com a falta de condições para os jovens regressarem às suas terras e recuperarem a sua forma de falar, a consequência é, numa questão de décadas (é só dar tempo para morrerem algumas gerações), a uniformização do "sotaque" português para aquele que é usado na comunicação social, uma das principais responsáveis pela provável extinção dos sotaques no nosso país. Até há pivots jornalistas, claramente da região Norte, a dissimular o seu sotaque para falar à Lisboa. Talvez o facto de o Porto Canal parecer genuíno, ao ter apresentadores com sotaque do Norte, explique a adesão por parte dos telespectadores...

Vivam os sotaques!


Notas:
(1) E qual é o problema de se perderem os sotaques? - perguntam alguns. A verdade é que se perde uma componente essencial da cultura portuguesa. O sotaque não é apenas uma forma de falar diferente do Português padrão ou de Lisboa (e hoje em dia quantos são os lisboetas de Lisboa?). O sotaque é um baú valioso que contém séculos de História de uma região, de como a população evoluiu, contém inúmeras expressões específicas ao quotidiano dessa população antiga, fazendo referências à agricultura, aos seus instrumentos, à sua mentalidade, à sua rudeza, à sua saloiice, mas também à sua inteligência prática. Se perdermos o conhecimento que está fundido aos sotaques perderemos as referências culturais que contribuem para definir o que é ser Português. E a falta que nos fazem as (boas) referências nos dias de hoje...
(2) O sotaque perde-se pelo contacto com outros, mas também através de uma forma subtil de bullying, em que o falante apercebe-se de que os outros não o compreendem ou o gozam pelo sotaque, e este gradualmente começa a modificar a sua forma de falar até que não se notem traços do seu sotaque.
(3) O ser humano consegue ter 2 sotaques dentro de si (ou mais?). Um sotaque mais próximo do português padrão para os momentos mais formais e outro sotaque para falar com a família e vizinhos da sua terra.

Casa dos Segredos - parte 2

O post sobre a Casa dos Segredos (CdS) inspirou-me para outra observação que pode ser feita ao nível do comportamento dos concorrentes e da sociedade em geral.

Os concorrentes estão dentro daquela casa 24 sobre 24 horas. Às vezes estão contentes, outras vezes tristes, outras vezes chateados e até cheios de raiva, envolvendo-se em acesas discussões uns com os outros. De vez em quando a Voz fala com eles, dá-lhes instruções ou qualquer tipo de informação. Nas "galas" recebem o feedback da Teresa Guillherme pelas patetices feitas ao longo dos dias. Seja através da Voz, da Teresa Guilherme ou de alguma carta de um familiar, os concorrentes sabem que estão a ser observados e avaliados, e muitas vezes apontam-lhes o dedo devido à conduta menos boa.

Apesar de toda esta vigilância, o comportamento dos concorrentes não é praticamente afectado; ou se é, as tendências comportamentais manifestam-se na mesma. A minha questão é: se as pessoas que observam os concorrentes estivessem na mesma sala que eles, o comportamento seria igual? Acredito que não.

Agora vamos assumir que Deus existe. E que Deus nos observa a todo o momento. E nos avalia. 
Há muitas pessoas que acreditam na existência de Deus, que se dizem seguidoras de uma religião monoteísta, mas frequentemente comportam-se como quem ignora os princípios dessa religião, ignorando simultaneamente o deus que adoram e que dizem seguir. 

A este comportamento, tal como demonstrado pelos concorrentes da CdS, vou-me arriscar a designar por Síndrome da Vigilância de Deus. É basicamente um síndrome em que as pessoas revelam um comportamento imoral, sabendo que estão a ser observadas, mas que mantêm o comportamento porque têm a ilusão de que não estão a ser observadas. Usam a máxima "o que não se vê não existe".

Aqui ficam algumas questões para reflexão:
1. Quantas vezes esta síndrome está oculta pelo facto de estarmos na presença física de alguém?
2. Será esta a razão para tantos males no mundo apesar de biliões de crentes em Deus?
3. Os altos responsáveis do Vaticano acreditarão realmente em Deus ou simplesmente assumem que por não O verem têm carta branca para determinados actos?

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Por que é que as mulheres vivem mais do que os homens?

Todos sabem que, pelo menos no mundo ocidental, as mulheres vivem mais tempo do que os homens.
Quais as razões?
Bem, não são as mulheres que vivem mais tempo. Na realidade são os homens que vivem menos. Acontece que os homens que vivem com uma mulher com a qual têm uma relação amorosa (esposa, namorada, o que quer que seja) estão sujeitos a um certo tipo de agressão de que ninguém fala, até porque quem normalmente fala destas coisas são as mulheres e elas não têm consciência disto. E os homens também não falam disto com os outros homens porque daria a impressão de fraqueza. E tal como é politicamente incorrecto ser racista, também não é aceite ser machista ou fazer queixas da mulher a este nível.

Já repararam que é o homem que, por ser mais forte fisicamente, tem de carregar os pesos todos lá em casa? E a mulher poupa as suas costinhas de todas essas vezes ao longo da vida... Claro que todos os outros trabalhos pesados são para ele, já que ele, sendo homem, tem a obrigação de o fazer porque "todos os homens têm jeito para essas coisas (diz ela "os outros maridos sabem fazer, logo se tu não sabes é porque não prestas para nada" -> primeira agressão).
Outra situação, é quando a mulher em conversa com as amigas e na presença do marido começa a criticar o marido por não ser como o marido das outras, que faz isto e aquilo (segunda agressão).
Já repararam também que muitos homens são mais para o calado enquanto a mulher é faladora? Pois, isso não é apenas porque ele é mais de acção e ela de comunicação. Também resulta de inúmeros episódios em que o homem percebeu que ganha mais em estar calado e a acatar as ordens da mulher do que em expressar a sua opinião. Porque quando o fazia nos primeiros anos de namoro era imediatamente atacado (terceira agressão). Assim, o homem pouco a pouco adquiriu um mutismo selectivo que se activa com a presença da sua mulher e se desactiva quando está com os amigos e outras pessoas (ou pensavam que os homens gostam de jogar ao jogo do silêncio?).

É interessante observar que alguns desenhos animados para crianças já mostram este tipo de comportamento. Uma vez vi uns desenhos animados em que estava uma menina brincar com um menino, e esta pedia-lhe um brinquedo para brincarem juntos. Sempre que o menino lhe sugeria um brinquedo, a menina fazia-se esquisita, recusava a sugestão e pedia-lhe outro brinquedo. O menino encavacado lá tentava satisfazer o capricho da menina em várias tentativas, até que ela escolheu precisamente o brinquedo que ele não estava disposto a emprestar. Esta situação é representativa da desigualdade que existe na realidade em muitas casas, ou seja, a mulher pede algo (exige) ao marido e este tem de lhe dar, senão há discussão. E como os homens detestam discussões e chatices, principalmente com voz feminina envolvida, lá acabam por dizer que sim e pronto (uff, já me safei). 

Também em algumas sitcoms americanas com casais, o homem é retratado como básico, como uma criança grande, insensível às necessidades da mulher e dos outros, que só pensa em ver desporto e em sexo. A mulher, por outro lado, é a (pessoa) responsável e madura, a que se preocupa com os outros, e até, a detentora única da moral, do correcto e do errado (principalmente se o homem faz algo de errado). Mas, nestas sitcoms, a mulher também é aquela que não tem qualquer problema em inferiorizar o marido, fazendo dele empregado quando lhe é conveniente, obrigando-o a fazer coisas que ele não quer fazer e fazendo chantagem com o sexo. Antigamente era a mulher a inferiorizada, a empregada, a submissa. Agora, parte do mundo inverteu-se. O homem, no final, lá acaba por se comportar como um humano submisso e conformado com as vontades da mulher.

O mais grave é verificar a diferença de critérios que existe entre homem e mulher. A mulher faz A, o homem critica-a e ela arma uma discussão dizendo que ela faz o que bem entender e que ele não tem nada a apontar-lhe. Noutro dia, o homem faz A. O que acontece? A mulher critica-o e faz um escândalo por isso e que ele devia ter vergonha. O homem recorda-lhe que ela já fez o mesmo, mas ela já está tão exaltada que não adianta falar com ela e então ele desiste porque detesta discussões...

Quantos homens não andarão por aí inferiorizados, amputados nos seus sonhos, vivendo como sombras, travados sempre que tentam libertar-se ao querer viver de acordo com a sua essência? Quantos viram as suas mulheres ignorá-los após a vinda dos filhos, tratando-os como os robots de que elas precisavam para serem mães? A partir daí nunca mais as suas necessidades são consideradas. Mas as mulheres-mãe, essas sim, continuam a ter as suas necessidades. Querem a atenção dos maridos, querem ajuda para cuidar dos filhos e tratar da casa, querem que o marido pague as contas todas, querem decidir para onde vão passar férias no Verão, querem decidir para onde vão passear no fim de semana, querem comprar umas cortinas novas para sala que só elas gostam, querem comprar montanhas de sapatos sem pensar se terão espaço para os arrumar em casa, querem as gavetas todas do armário para colocar as mil e uma bugigangas delas (e o homem só tem direito a uma), querem liderar a casa delegando a seu bel-prazer tarefas aos maridos de acordo com as prioridades delas, querem escolher o carro que vão comprar sem perceberem nada de carros, depois querem escolher a cor do carro e até querem escolher a roupa que o marido veste.

Depois, muitas mulheres levam o tempo todo a queixar-se (ao marido) de tudo e mais alguma coisa. É porque se sentem gordas, porque não têm roupa suficiente, porque uma amiga lhes isso "aquilo", porque não gostaram da atitude da pessoa X, porque estão cansadas, porque têm uma dor (e é sempre uma dor num sítio diferente), porque gostavam de ter uma vida diferente, porque queriam viajar mais, porque chove e gostavam que estivesse sol, porque está demasiado calor, porque não recebem carinhos do marido, porque os maridos não tomam iniciativa para nada, porque há muito tempo que não saem só os dois, porque a mala de ombro é pequena demais para o que elas precisavam, porque não encontra roupa que gostem... 
O homem, neste caso, é uma esponja que absorve as energias negativas existentes nas queixas da mulher. E isso deixa marcas...nele.

E a mulher pode queixar-se à vontade porque a mulher tem permissão para demonstrar fraqueza, mesmo ao marido. E o marido tem de ser compreensivo e sensível aos seus sentimentos. Por outro lado, o marido não pode demonstrar fraqueza, principalmente à sua mulher. Certamente, a sua fraqueza seria explorada pela mulher num futuro próximo. E quanto à compreensão e sensibilidade da mulher para com o marido? Diferença de critérios...

Qual é o resultado de tudo isto?
A resposta é: o homem vai morrendo aos poucos por dentro, agredido psicologicamente pela sua própria mulher, sem esta se dar conta. E após décadas nesta "vida", desgastado, saturado e conformado, o homem vai e a mulher fica. 
E depois elas ainda acham que são mais fortes do que os homens, porque vivem mais.

P.S. - Obviamente que os homens vivem menos do que as mulheres por outras razões mais científicas. Há ainda muitas viúvas daquela geração em que os homens é que mandavam, por isso as mulheres estão inocentes.

P.S. 2 - E os homens solteiros? Esses vivem menos também porque se metem na borga. :)

P.S. 3 - O estereótipo da mulher dona-de-casa e do homem que sustenta e protege a família ainda existe. E numa sociedade em que os dois elementos trabalham fora de casa, cada um deles aproveita os papéis associados a esse estereótipo. A mulher exige ao homem que trabalhe, faça os trabalhos pesados e que seja forte (pelo menos que não seja fraco). E o homem exige à mulher que trate da casa, cuide dos filhos e cozinhe.

Video do dia

Para rir um bocado...


Frase do dia

"Those who make peaceful revolution impossible will make violent revolution inevitable."
John F. Kennedy